terça-feira, maio 16, 2006



abandono
Gustavo La Guerre

E pra que remediar o que já está perdido? Que nem os anjos me conservam e nem os monges me rezam e para tanto confesso e no simples desejo que prezo, para amar e ser amado é tão complexo? E então pra que eu me arremesso? se não amo e nem amado sou! Grande perdido ou mero parlar nada consiste o cantar e em tudo existe o sonhar se mesmo aprendo a amar pra morrer triste e sem andar?

E pra que tanta misantropia se você é cheia de paixões, e nem um assassino impõe e nem os ladrões propõem, que tanto já me foi que o mero desprezo supõem. E para que não me amar, e ainda você persiste em louvar e a tanto me maltratar se para ti sou um mero amor que não passou de um simples torpor, que a tanto já perdeu o sabor que nem me lembro o fragor das rosas que preenchiam os meus dedos.

E se ainda cantasse, e as rosas saboreassem o mais simples desejo, que nasceram do teu ensejo, sonharia cantando e morreria amando. No mais simples encanto que as rosas me deram. E pra que me desprezo se ainda luto, e se tanto amor disperso não tem remédio e nem cura, perco meus sonhos no mais triste luto que as rosas cortaram meus pulsos.